As religiões de matriz africana são caracterizadas por duas forças que lhes são constitutivas: a criação e a resistência. Tais forças possibilitaram que essas religiões não apenas sobrevivessem no tempo, mas constituíssem modos criativos de existir. Ou seja, ao longo de seu processo de formação, essas religiões não apenas se adaptaram às novas condições que lhes foram impostas, mas adaptaram – e continuam adaptando – criativamente o mundo e o cosmos para constituir novas formas de existência, através, por exemplo, da criação de territórios físicos e existenciais, da aliança com outras práticas religiosas e da constituição de relações de afinidade e filiação entre pessoas e espíritos. Neste SPG, procuramos reunir trabalhos que, a partir de bases etnográficas, reflitam sobre os diferentes modos de criatividade presentes nas religiões de matriz africana nas Américas. Serão bem-vindos trabalhos que abordem temas como: as retomadas e criações de práticas rituais; os modos de relação com a T/terra; as práticas divinatórias; as composições entre espíritos, pessoas e coisas; os movimentos, modulações e biografias espirituais; os modos de fazer parentesco e memória, dentre outros.