Evento nacional
Métis na 34ª RBA
GTs e MRs
23 - 26 Julho 2024 - 08:00

Pesquisadoras/es do Métis participarão da 34ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), organizada pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, entre 23 e 26 de julho de 2024. 

Nesta primeira publicação, divulgamos os Grupos de Trabalho (GTs) e as Mesas-Redondas (MRs). Em seguida, publicaremos as apresentações de trabalho aprovadas.

GTs

(SUBMISSÃO DE RESUMOS ATÉ 11 DE MARÇO, ÀS 12h)

GT 029: Arquivos, coleções e objetos de arte: artefatos e invenções em perspectiva etnográfica

Coord.: Júlia Vilaça Goyatá (UFMA), Magdalena Sophia Ribeiro de Toledo (UAH)

Resumo

Este Grupo de Trabalho pretende abordar e discutir pesquisas etnográficas centradas na análise de arquivos, coleções e obras de arte entendendo-as como artefatos em uso e como invenções da vida cotidiana. Trata-se de acolher tanto trabalhos que lidem com arquivos, coleções e artistas institucionalizados ou legitimados como tais em nossas sociedades contemporâneas, quanto aqueles que lidam com o que comumente tratamos como arquivos, coleções e objetos de arte "populares", "caseiros", fundados na experiência cotidiana de inventar uma memória para si ou para uma coletividade. Nos interessa também pensar nos cruzamentos entre a produção de arquivos, coleções e obras de arte, na medida em que muitos artistas têm criado arquivos como uma técnica de trabalho e que arquivos e coleções já instituídos (ou artefatos que, por sua complexidade e relações que os constituem, podem ser pensados como arquivos) são também eles materiais da criação artística. Nesse sentido, nosso interesse se concentra em refletir sobre os agenciamentos que esses materiais produzem no tempo e no espaço, nas relações que engendram com seres (tangíveis ou não), nas técnicas que requerem, bem como nas poéticas que suscitam. Assim, se interpõe aqui também uma reflexão sobre a produção do contemporâneo e da memória pensados não a partir de um acúmulo de experiências a serem retomadas, mas como criação, tendo em vista sua constante (re)invenção e materialização.

 

GT 031: Artes e Crafts: composições, técnicas e projetos criadores

Coord.: Fernanda Arêas Peixoto (USP) e Thais Fernanda Salves de Brito (UFRB)

Resumo

Este grupo de trabalho propõe colocar em relação as comumente chamadas produções “artístico-artesanais” e/ou “populares”, em suas diversas expressões e contextos. Trata-se de reunir pesquisas de caráter etnográfico que se debrucem sobre modalidades de fazer e feituras, criadores e criaturas, técnicas e trajetos criadores, com a atenção voltada para como se cria, com o quê se cria e com quem se cria. Em outros termos, a ideia é comparar modalidades de criação diferentes, do ponto de vista dos sujeitos (humanos e não humanos), das técnicas, materiais e instrumentos que são mobilizados na confecção de artefatos, formas e composições heterogêneas. Sem esquecer os processos de aprendizagem e formação envolvidos nesses processos criadores que se dão em espaços diversos - casas, oficinas e mercados; associações profissionais, coletivos artísticos e políticos - nos quais são forjados vocações e projetos, corpos e pessoas. A ênfase está colocada, assim, menos nas coisas feitas e consideradas acabadas, e sobretudo nos trajetos criadores, que deixam ver seres, relações e concepções díspares. Além disso, interessa refletir, com a ajuda de exemplos precisos, o modo com as etnografias ensaiam novas formas de descrição e apresentação de seus resultados, convocados pelas criações sob escrutínio.

 

GT 034: Casas, cozinhas, quintais e suas agências em coletivos quilombolas, sertanejos, pescadores, indígenas e camponeses

Coord: André Dumans Guedes (UFF), Ana Carneiro Cerqueira (UFSB)

Resumo

Buscamos neste GT investigar os poderes e agências das casas, cozinhas e quintais situados em coletivos quilombolas, sertanejos, pescadores, camponeses, indígenas - em suma, entre diferentes povos da terra, da floresta e das águas. A partir da singularidade dos arranjos, modos e sistemas que os ativam como dispositivos ou técnicas, queremos pensar como tais entidades se articulam a territórios, e o que fazem: criando (filhos, bichos e plantas, misturas e mexidas, alianças e desafetos, corpos, novas possibilidades de vida); transformando (o cru e o cozido, substâncias, ingredientes e receitas, estórias e histórias, prosa e comida); ou reunindo (vizinhos na prosa cotidiana, conhecidos em torno do café, quem está junto na política ou numa mesma luta, os filhos quando de sua volta à terra natal). Interessa-nos examinar como tais poderes e agências atuam no “mundo”, e em relação às forças a ele associadas. Ao tomarmos “mundo” enquanto categoria nativa, queremos considerar como esses quintais, cozinhas e casas se constituem e operam sob uma perspectiva cosmopolítica, em relação com perigos, alteridades e potências de ordens diversas - por exemplo, aqueles relacionados à vizinhança de monoculturas, plantations, cativeiros e empreendimentos que encurralam povos e territórios; ou os que se vinculam às vicissitudes das famílias que têm seus membros esparramados mundo afora, ganhando a vida “no trecho” ou se aventurando em terras distantes e cidades grandes.

 

GT 068: Liderança: estilos, modos, formas, problemas e exemplos entre camponeses, quilombolas e povos tradicionais

Coord.: Ana Claudia Duarte Rocha Marques (USP), John Cunha Comerford (UFRJ)

Resumo

O grupo de trabalho pretende reunir trabalhos etnográficos sobre povos camponeses, quilombolas e tradicionais que permitam discutir formas, estilos e modalidades de relação subsumidas correntemente, em muitos contextos, no termo "liderança". Desse modo, esperamos explorar temas como exemplaridade, autoridade, carisma, reputação, imitação, prestígio, admiração, conhecimento, saberes; complexidades da relação entre "liderança", "política" e "convívio"/"comunidade"; a relação entre exercício de liderança com temas como sangue, família, parentesco, espiritualidade, escolarização/letramento, ascensão social, pertencimento e exterioridade; as modalidades de disputa e conflito e os dilemas pessoais e coletivos que atravessam a formação e estabilização do lugar de liderança. Pretendemos reunir trabalhos que problematizem a centralidade de figuras de liderança na dinâmica da criação, enquanto formação e diferenciação de comunidades, povos e famílias, inclusive na sua relação com agências estatais, ONGs e movimentos/organizações, seja no cotidiano, seja em eventos excepcionais, críticos e conflitivos, dentre os quais situações de ameaça, risco e atentados enfrentadas por lideranças. Esperamos incluir também textos que trabalhem a partir de abordagens biográficas ou autobiográficas, inserindo questões relacionadas a modos de subjetivação ético-política, individuais e coletivos. E estaremos atentos também às formas narrativas e seu lugar na conformação das figuras de liderança.

 

MRs

MR 17: Antropologias e Literaturas: criações no ato de narrar

Coordenador(a)
Júlia Vilaça Goyatá (UFMA)

Debatedor(a)
Igor Rolemberg Gois Machado (UFRRJ)

Participantes
Fernanda Arêas Peixoto (USP), Antonádia Monteiro Borges (UFRRJ), Ana Carneiro Cerqueira (UFSB)

Descrição

Esta mesa pretende investigar as múltiplas criações no ato de narrar, sejam elas próprias da literatura institucionalizada em publicações editoriais, ou aquelas encontradas na interlocução etnográfica nas interações cotidianas. Nesse sentido, pretende-se interrogar as possibilidades variadas de criação literária que se colocam seja em textos de escritores legitimados como autores em um certo mundo, seja em textos criados por nossos interlocutores de pesquisa em outros mundos. Nesses materiais empíricos estão em jogo: a produção do ponto de vista de sujeitos humanos e não humanos, e de seus ambientes; as técnicas e ferramentas em uso; as linguagens e poéticas implicadas. O que envolve em ambos os casos uma atenção completa ao agenciamento das palavras, das formas, dos conteúdos e das materialidades da narração: seus gêneros, registros, suportes, ritmos, contextos. Essa proposta abre inevitavelmente espaço para refletir sobre outras criações ainda, como a da própria narrativa etnográfica que se expande e se transforma a partir da mutualidade de conhecimentos.

 

MR 45: Monocultura e grandes projetos de desenvolvimento no plantationoceno: resiliências, tecnociências e mercados

Coordenador(a)
Luciana Schleder Almeida (UNILAB)

Debatedor(a)
John Cunha Comerford (UFRJ)

Participantes
Cristiano Desconsi (UFSC), Igor Thiago Silva de Sousa (CPDA/UFRRJ), Natacha Simei Leal (UNIVASF)

Descrição

Os debates críticos surgidos em meio à discussão do antropoceno, que trouxeram à tona a noção de plantationoceno, recolocaram temas tratados por historiadores, sociólogos, antropólogos e geógrafos a respeito da plantation e sua relação com o capitalismo, o colonialismo, o escravismo, a diáspora africana, e as formas de dominação e resistência próprias a essa configuração. Nessa “retomada” da plantation, são reformuladas, criadas ou enfatizadas, entre outras, discussões sobre as dimensões ecológicas, a centralidade da dimensão racial e suas continuidades e descontinuidades ao longo do tempo, as relações entre humanos, menos-que-humanos e não-humanos e as redes sócio-técnicas, o caráter replicável e escalável da plantation, em domínios atinentes a outras produções de monoculturas, corpos e mercadorias (como a universidade), as possibilidades de vida e de enredos/lugares “nas ruínas” e “nos refúgios” da plantation. A mesa pretende explorar as possibilidades abertas por esses debates recentes em torno do plantationoceno, inclusive somando-os àqueles que vem se dando em torno do chamado agronegócio e as resistências que desperta, na América do Sul, Caribe e outras paisagens do chamado sul global.

 

MR 48: Narrar a terra: criações, estórias e resistências de coletivos quilombolas e povos tradicionais

Coordenador(a)
André Dumans Guedes (UFF)

Debatedor(a)
Ana Claudia Duarte Rocha Marques (USP)

Participantes
Yara de Cássia Alves (UEMG), Daniela Carolina Perutti (USP), Sonia Aparecida Araujo (PRE)

Descrição

Sabemos todos que, nas lutas de quilombolas e povos e comunidades tradicionais que têm o território como objeto, um papel crucial é desempenhado pelas estórias e narrativas que tematizam modos de vida singulares e situados espacialmente, as ameaças a eles e as resistências suscitadas nesse processo - tais histórias contribuindo para fazer terra e território em suas múltiplas dimensões. Nessa mesa queremos pensar tais estórias e narrativas sobre o território enquanto práticas de criação, ou seja: com foco nas materialidades e nos meios expressivos que as possibilitam, na multiplicidade de elementos e dimensões agenciados por essas formas rituais assim como nas invenções, subversões e desencaminhamentos por elas propiciados. Interessa-nos pensar tais histórias e narrativas a partir das agências e contextos dialógicos concretos em que elas se atualizam, as criatividades imanentes a elas correlacionando-se então à sua coexistência com outros registros discursivos que se estruturam via linguagens jurídico-administrativas ou discursos críticos de cunho sociológico. Concebidas a partir desse encontro e imbricação de vozes, memórias e experiências díspares, queremos então refletir como tais estórias e narrativas têm potencialidades criativas não apenas no que se refere às vidas e lutas pela terra dos povos e coletivos em questão - mas também no que diz respeito ao plurilinguismo inerente ao fazer etnográfico daqueles antropólogos engajados com esses últimos.

 

 

Para mais informações, acesse: https://www.34rba.abant.org.br/site

Cartaz resumido da notícia