Minha pesquisa atual trata de explorar como os conceitos de materialidade e temporalidade se interseccionam na prática de curanderismo na região de Lambayeque, costa norte peruana. Esta prática se dá, essencialmente, a partir de agenciamentos (assemblages) de coisas/seres criados e coletados por Maestros curanderos e curanderas ao longo de suas vidas. Tais agenciamentos se materializam nas chamadas mesas de curanderos, que são arranjos de coisas e seres heterogêneos que colocam também em relação diferentes temporalidades, na copresença de coisas/seres de tempos passados – como, por exemplo, cerâmicas arqueológicas (huacos) – e coisas/seres de tempos presentes, geralmente compradas ou confeccionadas pelos Maestros. Para isso, busco acompanhar os processos criativos que compõem a prática de curanderismo, envolvendo processos de criação e transformação que se dão a partir de vínculos mais-que-humanos, com a participação de curanderos e curanderas e de seres que habitam o mundo de los encantos. Pretendo assim, discutir como na criação das mesas de curanderos se criam não apenas coisas, mas também seres, afetos e mundos.