A exposição de Davi Rodrigues, Deslizando na Arte, que ocorre em Cachoeira, recôncavo baiano, é acompanhada pela Profa. Fernanda Arêas Peixoto (USP), coordenadora do Métis, em pesquisa de campo.
Em entrevista ao programa "Olha a Pititinga!", da Rádio de Cachoeira, realizada em 17 de junho de 2024, o artista Davi Rodrigues e a Profa. Fernanda comentaram a respeito dessa exposição.
Confira no link https://www.youtube.com/live/MeFH3zwqJwg, a partir do minuto 47:50.
A seguir, o texto de divulgação da exposição.
Deslizando na Arte de Davi Rodrigues
... e os festejos de São João tomam Cachoeira com suas atrações, sempre tão esperadas: sambas de roda e forrós, quadrilhas e brincadeiras, licores e sabores. É tempo de fogos, de arrastar o pé, de mexer o corpo e lavar a alma. Mas neste ano de 2024 uma nova rota atravessa a programação usual, convidando moradores e visitantes a “deslizarem” pelas formas, traços e cores de Davi Rodrigues. O título da exposição é do próprio artista e funciona como um convite às pessoas que percorrem a cidade nesses dias; propõe que, ao se deslocarem, elas sejam surpreendidas por cenas, santos, orixás, máscaras e mulheres, que ocupam edifícios históricos (como a Santa Casa de Misericórdia, o conjunto do Carmo e o Palácio da Cultura); ateliês (os de Billy Oliveira, Louco Filho, Diego Araújo), também bares, lojas e hotéis. As cores contratantes que vibram nas telas e o pontilhismo tão característico dos trabalhos de Davi (o “davidismo”), ao lado de xilogravuras e desenhos pendurados em arames - outro modo de exibição frequentemente experimentado - deixam ver figuras, rostos e paisagens do Recôncavo; casarios, cenários cotidianos, lendas e mitos. As obras compõem séries, construídas a partir da observação e pesquisa detidas, que ele vem nos apresentando também em livros, como em Folia de Oti, jogos e brincadeiras populares do Recôncavo Baiano (2021), prefaciado por outro mestre dessas terras, Mateus Aleluia. Mas que o passeante não se engane: o convite delicado de Davi – que o verbo deslizar enfatiza - é sobretudo convocação. Ao invadir lugares e pontos imprevistos da cidade, a arte desse artista-narrador de Cachoeira mostra-se gesto engajado; quer lembrar a perda de apoios para as artes visuais na cidade e lançar um chamado por “reparação” - outro termo dele. Restituir o que se perdeu (as galerias, por exemplo) de modo a consolidar um circuito de exibição de arte, que incentive e projete a produção de Cachoeira e da região. Mas longe de isolado, o apelo provocador desta exposição de Davi Rodrigues encontra ecos na retomada da Bienal do Recôncavo em 2025, ambos anunciando - assim esperamos! - novos enlaces entre arte, festa e política.