Essa comunicação explora uma torção dos problemas que conduzem a pesquisa que realizo há mais de uma década junto aos indígenas do Território Indígena do Xingu: das modulações corporais envolvidas na experiência indígena da cidade de Canarana, ao manejo florestal do território e seus efeitos corporais entre indígenas do povo Ikpeng. Como pretendo mostrar, desse percurso etnográfico, emerge uma reflexão sobre a noção de lugar que implica a paisagem na estabilização da perspectiva das pessoas que a ocupam. As ruas da cidade e suas casas, as florestas e as aldeias do Xingu, afetam de modos distintos os corpos indígenas e estes, invariavelmente, as transformam de maneira recíproca. O que impele os Ikpeng a assumirem os riscos envolvidos nessas experiências? Impactada por uma pesquisa recém iniciada junto a um povo aficionado pela floresta e pelo perigo, nessa apresentação, ensaio paralelos e linhas de fuga entre os alicerces solidificados do trabalho com os xinguanos em área urbana, e uma coleção volátil de vinhetas etnográficas sobre a floresta. O objetivo é debater com os presentes os limites e potências de uma abordagem integrada da relação entre os Ikpeng, a floresta densa e as cidades — mundos compósitos que tendem a estabilizar perspectivas outras-que-humanas.