No dia 14 de dezembro de 2023, a Profa. Ana Claudia Marques (USP), coordenadora do eixo 1 (Família, política, parentesco), apresenta sua mais recente pesquisa no seminário realizado, em parceria com o Métis, pelos grupos de pesquisa AHCISP e Getp-GRAFO do Departament d'Antropologia Social i Cultural da Universitat Autònoma de Barcelona.
O evento ocorre às 15h (11h Brasília), na Facultat de Filosofia i Lletres, UAB, Barcelona.
A seguir, o resumo da apresentação:
Atualmente estou iniciando uma pesquisa na mesma área de meu campo em Pernambuco, no município de Floresta, mas tendo por enfoque os moradores de fazendas pertencentes às famílias "brancas", que possuem terras e predomínio social, político e econômico. Especificamente, um grupo de famílias que se declaram quilombolas, com vistas a alcançar políticas públicas. Apesar de sem dúvida formarem comunidades a partir de sua ancestralidade como afro-descendentes, eles não reivindicam titulação coletiva de terra. A intenção de se fazerem quilombolas os induz a distinguirem práticas culturais de matriz africana, que de fato se combinam - se não se dissolvem - em outras matrizes, indígenas e do catolicismo. Dessa forma, a recuperação da matriz africana quase importa uma nova gênese, que não se opera sem controvérsias, induzida por uma noção política de ancestralidade africana. Meu interesse está exatamente nesse desencontro entre o que se prevê como política pública e cultural e o que essas pessoas são, vivem, rememoram e criam, ao se reivindicarem quilombolas.