O pesquisador Gabriel Guarino de Almeida (Métis/USP) apresenta o trabalho intitulado “Fazer o dragão” e “saber leão” na Festa do Ano Novo Chinês: a aprendizagem da cultura na diáspora chinesa da cidade de São Paulo, que compõe a programação do seminário Etnografias da Aprendizagem: estéticas e poéticas do aprender, nos dias cinco e seis de dezembro, na PUC-Rio.
O evento tem como interesse central o lugar que a prática – sobretudo o fazer manual, o crafting e o engajamento do corpo – em articulação com a dimensão sensível da vida social – plantas, sons, corpos, cabelos, vestuário, espaço arquitetônico – e seus desdobramentos para as discussões envolvendo o artífice – a manualidade, a artefatualidade, a artesania e, não menos importante, a criação artística ocupam nas estéticas e nas poéticas do aprender.
Confira o resumo do trabalho:
Da organização social das técnicas de duas manifestações folclóricas da cultura chinesa, a Dança do Leão e a Dança do Dragão, apresento elementos da pedagogia nativa das artes marciais chinesas, na qual sabedoria e conhecimento se unificam como conduta adequada e corpo virtuoso. Celebrar o Ano Novo Chinês é um momento importante para as escolas de Kungfu e Taijiquan na cidade de São Paulo: mobilizando artistas marciais e suas habilidades para performances também de outras artes, a festa congrega grupos vários da diáspora chinesa para apresentações de sua “cultura tradicional”, fomentando um pertencimento coletivo. Na preparação para a festa, distinções importantes vão sendo verbalizadas pelos mestres e mestras, no que se refere aos critérios para escolha do elenco das apresentações, à etiqueta necessária à organização do espaço, ao status ontológico dos seres e coisas que povoam a festa, e aos rituais concernentes à ordem dos acontecimentos do evento. Tais distinções, quando partilhadas junto aos aprendizes da arte marcial, vão sendo elaboradas como “ensinamentos” e “conteúdos” da “cultura chinesa”. O domínio de tais ensinamentos, referente às distinções e aos processos técnicos na qual elas se fazem, pode ser aferido na participação da festa, permitindo assim o reconhecimento (e a produção) das pessoas que detém (ou estão no caminho de deter) a maestria – capazes de criar um cosmos chinês como projeto de vida.
Palavras-chave: pedagogias nativas; dança do leão; dança do dragão; artes marciais chinesas; ano novo chinês.Confira também a programação completa: