Se propagando desde pelo menos os anos 1970 em diversos países latino-americanos, as novas “artes da política”, protagonizadas por mulheres, configuram modos renovados de manifestações e reivindicações, que se valem sobretudo de tecidos, linhas e agulhas. Por meio de uma reapropriação estratégica dos têxteis, ativistas visam subverter concepções e fazeres convencionalmente associados à experiência feminina e à vida doméstica, imprimindo suas vozes na arena pública. Tais ações políticas, conhecidas como “ativismos têxteis”, passam a se difundir no Brasil a partir dos anos 2010, com destaque para o conjunto de coletivos que se identificam como “Linhas” – do Horizonte, do Rio, de Sampa etc. –, dedicados à produção de bordados de temas diversos, associados às pautas de movimentos políticos de esquerda brasileira e global. Considerando os traços particulares desse tipo de criação e de ação, que articula fazeres artísticos-artesanais à política, este projeto propõe a realização de uma etnografia junto alguns dos coletivos denominados “Linhas” buscando descrever e analisar seus modos de pensar e de atuar. Como é fazer política com bordados? O que o bordado (e as bordadeiras) fazem com a política?
Milena de Oliveira Silva
milena.oliveira9@usp.br
Afiliação
USP
Graduada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo. Atualmente, sob a orientação da Profª Drª Fernanda Arêas Peixoto, pesquisa ativismos têxteis contemporâneos, focada em coletivos de bordados brasileiros.
Pesquisa atual