Diante da erosão dos solos, de quadros crônicos de seca e de pontos crescentes de desertificação em muitas localidades do Nordeste, busco analisar em minha pesquisa atual como a memória dos viventes da Caatinga age de maneira criativa e criadora frente à degradação ambiental. Mais especificamente, o meu objetivo é analisar como a memória de vaqueiros e criadores de Floresta, município do semiárido pernambucano, preserva, cria e revitaliza as suas relações com o bioma Caatinga. Em proveito de uma perspectiva ecológica de memória, a hipótese é que a Caatinga, mais do que um bioma de circunscrição geográfica e identitária do Estado nacional, é um espaço de e para a criação de mundos. Por essa via, os aspectos mnemônicos e ecológicos da socialidade sertaneja podem contribuir com alguns debates ambientais da antropologia contemporânea, entre eles, o “fim do mundo”, o Antropoceno, as mudanças climáticas, os estudos “multiespécies” e suas relações com o parentesco, além de contribuir para a antropologia da memória e para a antropologia rural brasileira.
Renan Martins Pereira
zinhotravis@gmail.com
Afiliação
USP
Doutor e Mestre em Antropologia Social pela UFSCar. Pesquisador integrado ao Hybris (UFSCar/USP) e ao NuAP (Museu Nacional/UFRJ). Realiza trabalho de campo no sertão de Pernambuco.
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