Criação e destruição: ciência e política no Antropoceno

Este eixo de pesquisa pretende a conjugação entre realismo científico e especulação imaginativa na tarefa urgente de considerar e pôr em curso novas usinas teóricas e experiências práticas que encarem o Antropoceno (proposição de uma nova época geológica marcada pelos impactos em escala e velocidade de certas ações antrópicas na regulação do planeta) como um constrangimento para o pensamento contemporâneo. Deve refletir tanto sobre as novas figurações da Natureza quanto do “Anthropos” por via das ciências, filosofias e outras fontes de conhecimento (que se possam denominar de “minoritárias”). A partir dos constrangimentos a um só tempo ecológicos e sociais que o Antropoceno expressa, este eixo de pesquisa busca flagrar, não sem aportes etnográficos, os reembaralhamentos de humanos e não-humanos sob crise socioclimática, de modo a mapear outras diferenças e semelhanças, descontinuidades e continuidades entre eles. Devem advir daí, ademais, revisões radicais sobre o que caracterizamos como humano, natureza, sociedade e política.

Esgoto de Mill Creek, CA (1883)
Esgoto de Mill Creek, ca. 1883. Fonte: Departamento de Água da Filadélfia (Autoria desconhecida)