A Profa. Júlia Vilaça Goyatá (UFMA), pesquisadora associada ao Métis, organiza o evento Olhar Manifesto: V Seminário do Mares - Materialidade. Arte. Religião. Espaço Público, que ocorre entre 3 e 6 de junho de 2024, no Palácio Universitário da UFRJ, campus da Praia Vermelha, Rio de Janeiro.
2024 é o ano-centenário de dois textos de vanguarda: o Manifesto do Surrealismo, de André Breton, e o Manifesto da Poesia Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. Tomando como inspiração essas publicações e seus movimentos, o MARES - Grupo de Antropologia realiza o evento Olhar Manifesto.
Pesquisadores de diversos pontos do Brasil estarão reunidos para refletir sobre e com os manifestos, a partir de suas pesquisas e da seguinte indagação: o que o surrealismo e o modernismo de cem anos atrás têm a nos dizer hoje? Com esse foco, Olhar Manifesto: V Seminário MARES propõe ativar as potencialidades dos manifestos para pensar temas da agenda atual.
A seguir, confira o resumo da proposta a ser apresentada por Júlia Goyatá.
O Manifesto Surrealista de 1924 propõe o encontro da produção artística (sobretudo literária) com uma experiência “maravilhosa”, “inclassificável”, “desconhecida” (no limite, “sentimental”), que, nos termos de André Breton, devolva à “imaginação” seus direitos e se desprenda da representação realista. Essa experiência, embora devesse ser buscada no interior, subjetivamente, poderia também ser alcançada a partir da exploração de novos territórios, onde haveria supostamente uma existência humana capaz de expandir os horizontes do possível para além do racionalismo ocidental. A passagem de André Breton, escritor e autor do Manifesto, pela Martinica em 1941, e pelo Haiti, em 1945, quando de sua ida e volta do exílio nos Estados Unidos, revela um duplo movimento: seu interesse pela região, elegendo alguns de seus artistas como surrealistas avant la lettre, e, ao mesmo tempo, a apropriação de suas ideias por artistas e intelectuais caribenhos na tentativa de formular um sistema de arte próprio à região. Como proposta de intervenção nesse seminário gostaria de explorar esses dois movimentos (que são também trânsitos de saberes, pessoas e coisas): a construção de um Caribe Surrealista e a de um Surrealismo à caribenha. Para tal, tomarei como indício desse primeiro movimento o encontro de Breton com o pintor haitiano Hector Hyppolite e suas formulações sobre a “pintura primitiva” e, como rastro do segundo, as formulações de Suzanne Césaire na Martinica em torno de seu encontro com Breton no seio da revista Tropiques.
O evento é aberto ao público. Contamos com a participação de todas, todos e todes!
Programação e link de inscrição - para obter certificado de participação como ouvinte - disponíveis no site https://maresantropologia.wordpress.com/.