Evento Internacional
Métis no IX Congresso da APA
Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia
14 - 18 Julho 2025 - 11:00

Pesquisadoras/es do Métis participarão do Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia. O evento ocorrerá de modo presencial entre os dias 14 a 18 de julho (Viana do Castelo, Portugal). 

Teremos propostas de Painéis e Comunicações durante a programação.  

Confira nossas propostas:  

 

 logo

Painel 012: "Agarrados à terra": Corpo, território e resistência diante da crise climática

Clara Flaksman (UFRJ); Marina Vanzolini (USP); Joana Miller (UFF); Ana Carneiro Cerqueira (UFSB)

Neste painel propomos reunir experiências etnográficas com os povos indígenas, povos de terreiro, quilombolas, ribeirinhos entre outros que, na definição de Ailton Krenak em seu livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, escolheram permanecer “agarrados nessa terra”. Para muitos desses povos, as noções de território e de corpo são indissociáveis e se implicam mutuamente. Pretendemos refletir, a partir de uma perspectiva etnográfica, sobre as noções de corpo-território formuladas por esses povos em diferentes contextos. Levando em conta a proposta temática do congresso que nos instiga a pensar diferentes modos de atuação frente às crises climáticas a partir de um debate sobre as 'itinerâncias' vistas sob a ótica da Antropologia, nos perguntamos em que medida colocar em diálogo diferentes éticas ecológicas implica considerar diferentes ontologias. Como a noção de “corpo-território” pode ser tomada como um modo de existência e como uma proposição política diante das crises ecológicas? Em que medida as estratégias criadas por esses povos para atravessar mundos perigosos não indicaria que o perigo está justamente nas possibilidades de cruzamento dos mundos, na recusa de um mundo comum a todos os viventes? Pretendemos assim reunir trabalhos etnográficos que abordem as noções de corpo e de território e seus desdobramentos para refletir sobre estratégias e modos de vivenciar crises climáticas.

 

logo

Comunicação: APA2025-41472 - Do caminhão ao pedestal: a trajetória de um objeto de arte

Maria Luiza Toral

Painel 057: Itinerâncias, Passagem, Herotopias, Não-Lugares: Imaginar outros mundos possíveis, nas Artes.

A presente comunicação apresenta os resultados parciais de minha pesquisa de mestrado em Antropologia Social (PPGAS/FFLCH/USP), iniciada em 2024 sob orientação da profa. Dra. Fernanda Arêas Peixoto. A partir da proposição metodológica de considerar a montagem da exposição 38o. Panorama de Arte Brasileira como um laboratório (Latour & Woolgar 1997), a pesquisa busca tornar visíveis os múltiplos agenciamentos materiais e conceituais de que depende a criação do objeto de arte como o conhecemos, a partir de uma etnografia do processo de montagem da referida exposição, feita de dentro da equipe de produção. Trata-se de colocar a arte em relação com as práticas que a compõem, buscando explorar contaminações entre diferentes formas de criação. Contando com inspirações de Martin Holbraad (2011; 2015), Dominique Poulot (2013) e Roger Sansi (2020), acompanhei a trajetória dos objetos que compõem o 38o. Panorama de Arte Brasileira desde o momento em que são descarregados no depósito do museu, passando por procedimentos realizados pela equipe de conservação, pela dinâmica de construção da sala expositiva, até sua manipulação, por parte da equipe de montagem fina, e seu posicionamento como obras de arte nas paredes do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP).

Palavras Chave: Antropologia da arte; Etnografia; Objeto de arte; Criação; Trajetórias.

 

logo

Comunicação: APA2025-18372 - Nos sonhos de Maria: uma análise sobre memória, visagens e vestígios nos casarões coloniais de São Luís, Maranhão (Brasil) 

Gabriela Lages Gonçalves - Universidade de São Paulo 

Painel 066 - Máquinas do tempo. Deslocações entre o passado e o futuro

Este texto é sobre minha pesquisa etnográfica que tem sido realizada há oito anos, na cidade de São Luís, capital do Maranhão, nordeste do Brasil. No Centro Histórico de São Luís estão concentrados mais de quatro mil casarões coloniais reconhecidos como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, devido as especificidades arquitetônicas e históricas. Entre ruas e sobrados, são narradas histórias ou experiências com as visagens - presenças sentidas rapidamente por diferentes manifestações corporais, como sons, visões, cheiros ou toque tátil; são em maior parte, associadas a ferida colonial naquele lugar. Neste texto, penso as visagens do Museu Casa do Maranhão a partir dos sonhos, premonições e sensações de Maria – profissional da vigilância do museu com quem fiz pesquisa etnográfica. O intuito do texto é traçar uma linha na “dobra do tempo”, entre as memórias do casarão, as memórias de Maria e os futuros possíveis que aparecem através de sonhos, bem como, refletir sobre materialidade, memória e ausências relacionados a vida negra na cidade de São Luís ontem e hoje. Palavras chave: memória, patrimônio, visagens.

 

logo

Comunicação: APA2025-60120 - Passado futuro. Comunidade quilombola em criação 

Ana Claudia Marques

Painel 011 - Afro-descendant and Indigenous counter-narratives in Latin America: ethnographic insights into locally-based processes of revitalizing historical memory

Há 25 anos realizo pesquisa no "sertão" do estado de Pernambuco, no NE do Brasil, privilegiando temas relacionados a práticas e concepções do parentesco e da política local. Trata-se de uma região colonizada desde o século XVII, com o estabelecimento de fazendas de gado cujos fundadores, de origem europeia, se tornaram os ancestrais apicais das famílias que até hoje conservam-se como as mais prestigiosas nos municípios surgidos a partir dos antigos núcleos de povoamento colonial. Assim, a história dos municípios se confunde com a história dessas famílias, suas memórias e genealogias. Há dois anos, meu foco de pesquisa se deslocou para pessoas de origem africana que há alguns anos se declaram remanescentes de quilombos. De uma maneira geral, as expressões de matriz africana foram abafadas pela ordem cultural dominante. Contudo, a especificidade das experiências e modos de vida constituídos ao longo de gerações fizeram dos quilombolas guardiões de saberes e fazeres que se perderam para a maioria de seus coetâneos. O exercício de recordação a que se vêm dedicando estimula o afloramento à superfície desses saberes e fazeres sistematicamente ignorados e desprezados, por vezes voluntariamente esquecidos. Um futuro de um passado ao mesmo tempo superado e recuperado, onde porventura replantarão suas raízes.

Palavras chave: parentesco, memória, quilombo, política, comunidade

 

 

cartaz APA