O que vem depois das águas
Sabrina Luz Bezerra

Resumo: 

Esta dissertação resulta de uma pesquisa conduzida entre arquivos cuja abertura ocorreu em função de um mesmo problema: as condições e os efeitos da valorização das terras da Caatinga e sua relação com a água no Vale do Submédio São Francisco (SMFS). A investigação levou-me aos documentos de três entidades, nesta ordem: i) a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene); ii) o Acervo Dom José Rodrigues, antiga biblioteca da Diocese de Juazeiro-BA, projetada pelo Bispo Dom José Rodrigues (1975-2003); e iii) o Arquivo da Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro (CPT). Compreendida como formas distintas de constituição e visibilidade de formulações, a heterogeneidade documental e arquivística aqui presente reflete forças que emergiram e atuaram para transformar ou resistir às mudanças impostas pelos projetos de desenvolvimento no Submédio. Construiu-se, assim, um tecido documental capaz de aprofundar a relação entre as Políticas Públicas de Irrigação dos anos 1980 e a construção da Barragem de Sobradinho-BA, durante a década de 1970 — seja pelos enunciados de planejamento, seja pelos discursos de reação e resistência. Esse tecido documental constitui a própria essência desta pesquisa. Isto é, uma documentação construída sob uma relação de forças. De um lado, a Sudene representa esforços para transformar a caatinga do São Francisco em um exemplo de modernidade e desenvolvimento, buscando transformar a exceção do desenvolvimento em regra; de outro, a CPT e a Diocese de Juazeiro aglutinam esforços voltados à libertação dos seres humanos e de suas terras. Assim, esses arquivos podem ser entendidos, respectivamente, como arquivos da exceção e arquivo da libertação — estratégias teórico-metodológicas que permitem examinar autores, testemunhos, vazios e outros elementos, alguns eclipsados, relacionados ao problema da água e da terra no São Francisco.

 

Ano
2025
Anexo Tamanho
Dissertação versão final.pdf 7.34 MB